this post was submitted on 18 Nov 2025
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Bate-Papo

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Uma comunidade para discussões gerais que não se encaixam nas previstas em outras.

Sala de Bate-Papo (chat room)

batepapo

founded 2 years ago
MODERATORS
 

Vocês ainda conseguem ver a internet como um refúgio?

Ando pensando em como me encontrei bem no Fediverso. Criei até um certo ritual para acessá-lo, que é basicamente logar somente pelo computador. Há coisas que só encontro aqui e nunca vi uma comunidade mais amigável do que esta.

Além disso, por conta da interface complexa "all in one" do #Friendica, consigo participar da dinâmica do microblogue e dos fóruns de discussão sem o menor problema.

Porém o estranho é que o Fediverso é um refúgio virtual para fugir... da internet.

O que vocês pensam a respeito disso?

@batepapo
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[–] dsilverz@calckey.world 2 points 2 days ago (3 children)

@arlon@connexia.hibiol.eu @batepapo@lemmy.eco.br

Já vaguei por inúmeros cantos dessa Internet: de fóruns e redes sociais na rede Onion (Tor) e eepsites (I2P), a "buracos Gopher" (Gopher holes), caminhando até mesmo pela linha tênue que separa Internet e radioamadorismo (Echolink, WebSDR, etc). Já tive cápsula no Geminispace, já tive vários blogs, já tive web rádio com um total estonteante de zero ouvintes usando o Windows Media alguma coisa (um software que costumava existir na época do Windows XP pra streamar).

Se a Internet é um refúgio? Talvez costumasse sê-lo na época do Orkut, onde a internet era meu único espaço de alguma socialização (e de alguma fuga mental de todo o bullying escolar).

Mas, como tudo nessa existência cósmica, essa Internet morreu. Não somente porque plataformas (como o Orkut e MSN Messenger) foram desligadas, mas também porque as pessoas daquela época já não existem mais. Eu mesmo, aquele meu eu de 2010, não existe mais.

Quando a casa de infância é demolida e vira terreno pra um edifício comercial, não importa o quanto se tente recriar essa casa de infância com suas paredes amarelas e vitrôs difíceis de abrir, televisor de tubo onde costumava ver desenhos da TV Cultura, um avô que implicava toda vez que eu abria a geladeira, um quintal de lama onde eu costumava brincar e até comer terra, com uma bananeira no fundo que dava cachos em abundância: não será a mesma casa. É literalmente o clássico problema do Navio de Teseu. Hoje a casa de infância é mera lembrança distante em meu cérebro, e um dia nem isso será mais.

O mesmo se aplica à Internet. E ao mundo, no geral. Hoje eu diria que meu refúgio tem sido minha própria cabeça definhante, mesmo: "Um dia eu caminho por memórias distantes onde a caixa de som ainda não era stereo, noutro dia caminham com meu caixão por um cemitério." C'est la vie.

[–] arlon@connexia.hibiol.eu 1 points 2 days ago (1 children)

@dsilverz

Já vaguei por inúmeros cantos dessa Internet

Baita “currículo”, o teu! Também já pensei em entrar pro #Gemini, mas por não ter tantos brasileiros, não me senti incentivado. Adoro rádio também, mas não sei se eu seria um distribuidor de rádio-amadorismo.

Talvez costumasse sê-lo na época do Orkut, onde a internet era meu único espaço de alguma socialização

I know that feel, bro. Também tinha essa relação com as redes sociais. Mas não me refulgiava no #Orkut, mas sim no #Tumblr e no Twitter.

Mas, como tudo nessa existência cósmica, essa Internet morreu

E como você interpreta o Fediverso em relação a essa internet morta e a esta internet natimorta (comercial)?

Obrigado pela bela resposta!

[–] dsilverz@calckey.world 1 points 19 hours ago

@arlon@connexia.hibiol.eu @batepapo@lemmy.eco.br

mas por não ter tantos brasileiros,

Sim, praticamente só alemão e estadunidense por lá. Tanto que meus gemlogs eram em inglês, com raras publicações que fiz em português pra levar um pouco de um brasileiro poético num espaço onde eu via algumas pessoas levando o idioma delas de vez em quando.

como você interpreta o Fediverso em relação a essa internet morta e a esta internet natimorta (comercial)?

Problema é que o Fediverso, como um todo, depende de toda essa infra "Internet": de TCP/IP a provedores de internet e Big Techs (como CloudFlare). Então acaba sendo como tentar construir um foguete para exploração espacial enquanto dentro da cabine de um Boeing que está caindo em direção à boca de um vulcão em erupção. Aqui emendo o próximo ponto:

Adoro rádio também, mas não sei se eu seria um distribuidor de rádio-amadorismo.

O bom do rádio-amadorismo (e rádiocomunicação em geral) é que está meio que alheio ao "fenômeno" da constante degradação que a Internet vem sofrendo.

Inclusive esses dias vi, num fio aqui do Lemmy sobre a degradação do Firefox (IA sendo sorrateiramente incorporada ao navegador que costumava ser exemplar de privacidade e leveza), uma pessoa trazendo uma futurologia curiosa: de que o futuro é do "packet pirate radio".

Hoje coisas como LoRa (long-range radio) são bem acessíveis, mas a tendência é que as frequências e dispositivos de rádio se tornem cada vez mais restritas às corporações com a anuência dos governos (principalmente dos EUA e da UE, que juntas meio que acabam influenciando os rumos político-legais de todos os outros países do mundo incluindo Brasil).

Vai sobrar, então, a "subcultura gray-hat (cyber-steam)punk": transceptor feito de com peça de ferro-velho, plugado a uma velha antena parabólica cheia de tétano que era de um antigo combo da Sky, apontada pra um dos abandonados FLTSATCOM da marinha estadunidense na órbita geoestacionária, com todo o aparato em uma garagem escondida comandado por um dos últimos exemplares de um Arduino de uma época onde Arduino e similares ainda estavam fora do alcance das corporações (e de IAs corporativas).

O rádio (analógico), com uso possivelmente intenso de codebooks combinados e/ou esteganografia (porque criptografia via ham rádio, além de ser ruidoso, é visado por ser "proibido" pela ITU, mas esteganografia conta com um inexorável plausible deniability) é, nesse sentido, o último bastião da comunicação totalmente humana.

Também tinha essa relação com as redes sociais. Mas não me refulgiava no Orkut, mas sim no Tumblr e no Twitter.

Esses também cheguei a usar, como relatei ali na minha resposta pro h0p3. Usei por pouco tempo em comparação ao Orkut, onde comecei a participar de comunidades ainda em meados de 2008 até cerca de 2014 quando o Orkut acabou. Nesse momento minha rotina escolar (e por consequência o bullying escolar) já tinham terminado para ceder espaço à Kafkaesca vida adulta de trabalho e faculdade.

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